Bicicleta. Sonho. Chão. Sonho? Dor
Amigos. Ambulância. Tempo. Medo. Dor.
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Hospital. Urgência. Médicos. Morfina. Tomografia. Diagnóstico. Medo. Pesadelo?
Ambulancia. UTI. Dreno. Sonda. Cirurgia. Morfina. Dor. Vertigem.
UTI. Cirurgia. Dreno (de novo?).
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O tempo tem uma medida estranha na UTI. Acelera e quase para. De dia sono, de noite medo. Dia? Acordo as 3:15 e juro que é. Saudades do sol. Dor, vertigem... A alegria são as pessoas... a enfermagem. Agora eu entendo! São eles que nos lembram que somos gente, que estamos vivos. Sem falar no banho de leito! Um deleite.
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Médicos? Temos: cirurgião do trauma, ortopedista da coluna, anestesista, ortopedista do braço, intensivista, médico da dor, neurocirurgião, infectologista, fisiatra, otorino. Amigos médicos: os melhores.
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Dor e drogas... passei por tudo e todas... Salve a PIC. PCA? Amor e ódio. Morfina... ahhh, que loucura. Mas cansa estar em outro planeta... quero voltar. Rivotril? Sono sem sonho não é comigo. Sou mais feliz insone.
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Massagem, acupuntura, TENS, fisio, reike, reza, anda, respira... DOR.
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Anorexia... come, empacha, cade o coco? Laculose, dulcolax, muvinlax, narcan, picolimato, suco de ameixa, fibra, fleet, enema... Virei uma balão. Queria voar alto e rir de tudo isso lá de cima.
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Voltei. E não é que ainda sei andar? Um outro corpo, entenda: coluna dura, fixador, mão que não sente, dedão que não mexe, desequilíbrio, dor... Mas anda. Serve! A cabeça é a mesma. Será?
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Choro de dor. Será tristeza? O passado parece de outra pessoa. O futuro, sei lá. Cicatriza, mas a gente nunca sabe como vai ficar.